30/12/2007

a esposa de luís xv

Em meio a rosas e sedas ela se perdia. A cama era alta demais até para os saltos novos que vivia comprando. Eram tantas formosuras, nos doces, nas fitas, no cetim claro, nas mucamas e nos deleites. Qualquer coisa se podia ter, mas nos desejos secretos se queria apenas era poder correr livre sem precisar ser olhada por muitos ou até por todos. Ah, ela trocaria o leque de pedras, o ouro e talvez a champagne pela saia solta e leve, onde pudesse sentar sem ajuda e levantar sem demora. A natureza lhe fez bela e generosa, mas jovem demais pra tanta realista realeza. De tudo, o melhor talvez fosse o chá, óbviamente depois dos filhos louros. O chá servido na porcelana mais autêntica que existia, quase que feita à mão. O chá e a porcelana. Só que o pensamento soltava-se para as margaridas plantadas num jardim grande mas simples, e também nos arredores das ervas frescas que faziam com que ela pudesse sorrir o sorriso da franqueza e não somente o da dívida. Mas assim foi e assim mesmo ela se fez digna até na crítica e no momento do declínio. Afinal, eram apenas duas crianças a reinar a França. Mas ninguém entendia isso, tão pouco eles mesmos. Tão pouco ela apenas, e a sua Áustria.

Nenhum comentário:


guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.