auto-retrato

Sou mais do ontem do que do amanhã. Não que eu viva por nenhum deles, vivo para o hoje. Sempre fui assim. Mas sobre escolhas, prefiro lembrar os bons momentos e até os maus pra não repetí-los, do que prever o que vem pela frente. Nunca fiquei preocupada com o depois. Vc vai largar essa oportunidade profissional que pode te dar um futuro brilhante? Vou! Um dia depois do outro. Vc vai morar no Recife. Tá! Um dia depois do outro. Vc será mãe de trigêmeos. É? Um dia depois do outro. Se esses são fatos reais, imagina se eu sou capaz de ter uma caderneta de poupança, ou titubear em trocar um Fiat frente Europa 4 pneus novinhos (na época um xuxu) por uma puma rosa pink que nem sabia a procedência? Foi, toma essa chave e me da essa... Acha que eu compraria um imóvel na planta? Não não. Mas esse prazer de viver hoje e pronto não é de doida, eu sempre soube - sei lá como, a firmeza da corda que eu segurava. Essa característica minha também não exclui o planejamento da minha vida. Eu adoro ver a vida em ordem. Não gosto nada de bagunça e menos ainda de repetir os dias. E pra ajudar ainda mais esse traço que eu bem gosto, achei no gordo os meus amanhãs. Ponto pra mim. 

seleção

Tiro um pouquinho de tudo pra mim. Ah, me dou esse direito de arrematar as boas prosas e laçar de experiência os ditos não tão bons que, fazer o quê, a gente sempre vai tropeçar por aí. Disso vou fazendo o meu, moldando nas minhas formas e produzindo. Eu por todos e todos por mim.

pra quem pode não pra quem quer

Dinheiro é bom e eu gosto, poder é chato, torra os pacovás de quem sabe lidar com ele e azucrina a vida de quem fica ao lado de quem não sabe.

vida.simples.

Feliz da vida com minha decisão, feliz com os caminhos que se abrem pelo simples fato de se ter coragem de fazer algo diferente, seja mudar um dia ou uma morada inteira. Feliz de olhar para a terra e dizer, falar mesmo pra ela ouvir no chão, você é demais...caramba. Feliz de sair e de chegar na minha hora, da minha casa e quando o sol ainda tá no alto, encontrar os meus filhos, os meus cachorros, aquele bando de passarinho barulhento correndo pelos cantos. Eu precisava dizer isso porque às vezes a gente passa tanto tempo achando que a felicidade é um monte de outra coisa. Não é.

longa vida, Cusco!

Sou uma pessoa longa, eu disse. Não tem nada a ver com tamanho, até porque seria alta, mas com o meu jeito mesmo. Faço tudo mais comprido. O gordo reclama que eu dou tchau pra todo mundo quando vamos embora de uma festa, ele dá um tchau curto e eu longo, tchau e tchau e tchau e faltou um tchau. Sempre fui de falar bastante. Na escola, a professora chamou a mamãe e disse, ela fala muuuiiittooo. Na faculdade fui orientada a ser advogada de defesa em pleno curso de pedagogia. E eu falo mesmo, alongo os assuntos, não gosto de cortar detalhes. O detalhe, quase sempre, é o mais importante da conversa, porque quando você descreve você passa o sentimento. Falo muito até com quem não entende nada, tipo uma amiga Argentina que esteve conosco na quarta e fala muito pouco o português. Falei com ela a tarde toda palavras que certamente ela nem sabe o que é como, acabrunhado, mas eu tenho certeza que ela entendeu. Escrevo textos longos, aliás quero dedicar esse, ao meu amigo José Eduardo Silva Moraes que ontem lá no teatro, me cumprimentou assim: a mulher dos textos longos, tem sempre um "continuar lendo" e com sua sinceridade me deixou feliz (apesar dele ser um reclamão que eu adoro, rs) Sou longa mesmo, escrevo e leio de novo, sempre - primeiro para verificar os erros, depois tentando cortar palavras, contexto e corto, edito muitas vezes, mas mesmo assim... aí, a Nica, minha comadre e autora da peça, me falou - é que você é uma contadora de histórias, bixo. E então eu gostei mais ainda de ser assim. Gostei mesmo. Cá ou lá, prometo praticar o bom senso, juro. Pra terminar, vida longa a todos nós. :)

sensações

Devagar, com tempo, tranquilo, percebendo, sentindo, apurando os sentidos. Lá longe eu ouvi um passarinho desses pequenininhos cantando, mesmo com o latido bem forte aqui dentro da minha orelha. Nem faz mal, um barulhão não diminui um barulhinho porque a gente pode ouvir os dois. E o cheiro de erva-cidreira subindo na água que tem barulhinho bom também gluglugluglu.... quente. Quente que sobe no rosto, sentiu? Esperando agora para beber um gole, golão, daqueles bons, de dar gosto

colo

Não importa a idade que temos, o tempo que passou, a conformidade que a vida traz. Na lembrança de um pai ou de uma mãe somos sempre filhos. Saudosos de um olhar, de um conselho, de um telefonema, um abraço, um lugar onde sempre estávamos seguros.