31/07/2010

Pensando na vida

E ela perguntou, mamãe o meu rosto vai mudar quando eu crescer? E eu disse, vai ficar mais lindo do que já é. E ela abriu um sorriso, virou e dormiu.

20/07/2010

meu melhor amigo


Hoje é dia do Amigo. Dia 20 de Julho. É também o dia que completa três meses que o papai deixou a gente por aqui, com cara de ué!?.

Engraçado o tempo e a morte. Juntos, permitem que a gente perceba que eles não fazem nenhum sentido, mas que simplesmente são todo o sentido do mundo.

Eu, desde então, tenho navegado entre o sentir que faz muito tempo que não vejo, não falo, não tenho mais meu pai todos os dias, com o tal - parece que foi ontem que ele nos deixou. E muitas vezes até a dúvida, mas será que foi ele mesmo? Porque nessa falta de explicação de tempo e morte, eu sei que ele está presente como nunca e que poderemos nos ver a qualquer instante.

Do nó no peito, passando pela falta de ar que a dor causa, à tranquilidade e certeza que tudo está certo.
Esses tem sido os meus 90 dias depois que o seu Pedro me prometeu que ia sarar, e sarou!

Então, nesse dia do Amigo, eu transcrevo aqui um e-mail que o Flávio, meu irmão, mandou pra gente há uns dias atrás depois de fuçar na máquina de fotos que a mamãe e o papai usavam para o trabalho.

Uma foto, turva, tirada sem querer, mas que hoje significa a plena nitidez e a providência, aquela que a gente nunca sabe que vai precisar um dia, durante os acasos. A mão mais linda e mais disposta do mundo. Orientadora e carinhosa.

Divido o e-mail, a foto, minha resposta e todo o sentimento em homenagem ao meu melhor e mais querido amigo. Meu pai.


Re: Pra matar a saudades dessa mão

A mão do papai me dá muita saudade!!!! Eu tenho a mão parecida com a dele, pelo menos todo mundo dizia isso, e eu as vezes fico tentando encontrar nela o que a dele me dava.
Eu ando com muita saudade do papai. Muita mesmo. Eu chego a sentir a mão dele tão grandona, batendo de levinho no meu rosto como dizendo: vai em frente, vai em frente....

Um mãozão tão doce...

Que droga!

Mas eu sei que a mão dele tá segurando a nossa. Eu sei que tinha que ser desse jeito. Eu sei.
Só que dói.

Que pena!

Que linda essa foto!!

Beijossss.


On 05.07.10 11:40, "flavio galloro eii!" wrote:



Bjuss


Flavio Galoro

19/07/2010

ser criança

Troca de e-mails e amores.
Essa é a minha mãe, e nós vamos ao museu essa semana.

....Oi, mã
Eu sempre lembro que vc queria morar no museu do Ipiranga. Vc já tinha me dito isso, por vários momentos da minha vida e eu nunca esqueci, e bem acho mesmo que vc seria muito melhor que a marquesa de Santos, e que deve ter uma ligação com a realeza.
Vamos levar os pequenos lá? Vc topa ir na semana que vem?

Te amo!!!!!
Cice


On 13.07.10 18:31, "pedro galoro" wrote:

Queridos
Sabem porque estou encaminhando esse e-mail que recebi para vocês? Não é porque não conhecem o Museu do Ipiranga, mas talvez não conheçam minhas fantasias infantis com o museu. Adorava ir lá com o vovô, a vovó e geralmente com algum parente do interior. Eu entrava e sonhava que ali era minha casa. Eu morava lá. Descia aquelas escadarias, não com roupas antigas não, mas como eu mesma. Meus quartos e salas enormes aonde eu recebia pessoas e desfrutava de tudo aquilo. Mas o sonho maior era a escadaria e o saguão principal. Grande, majestoso. Eu me sentia muito, muito feliz. As coisas históricas, eu até curtia, principalmente os mobiliários e os quadros. O vô ficava me falando das moedas etc. etc dinheiros, documentos que estavam lá em exposição, mas isso passava muito de relance, porque eu estava vivendo no meu palácio naqueles momentos, e estava muito feliz, e saia curtindo meus jardins ao derredor. Só que caía na relidade quando tinha que pegar o ônibus para voltar pra casa. Mas tinha valido a pena.
Eu também já fui criança.
Bjs, mamãe.

sexto sentido

Sempre sinto se demoro muito ou se vou ter tempo pra fazer algo. Posso me atrasar se preciso porque os relógios estão parados pra mim. Sei antes de tudo se posso contar com a sorte, ou se tenho que arrumar uma boa desculpa. Antes de qualquer telefonema, eu já me sinto culpada ou aliviada. Sei as vozes, os sons da rua, as sombras pela minha volta. Sei o ressoar dos pensamentos de quem fica do meu lado, leio olhares e acomodação das mãos. Tenho um sexto sentido dos bons, que me atrapalha quando insisto em não saber lidar com ele. Aquela sabe? da auto-confiança solene, que faz com que eu aceite que posso controlar tudo o que virá pela frente. É que verdadeiramente sei que consigo, só não sei por todo o tempo, quando consigo. Por isso andei me estrepando um pouco, relaxei o que não devia. Subestimei. Aprendi, e passou. Mas continuo folgada que só.

15/07/2010

campeão mundial nos nossos corações





Batendo papo com a Julia, que ama aquele Biscoito mais que tudo na vida, me deu vontade de escrever sobre o Nadal.
Tradução: Biscoito = Um Labrador cor de mel com cara de sono, mimado e gostoso. Nadal = Meu Australian Shepeard, cão pastoreio de raça caríssima e tão dócil, que eu ganhei da Di, e lá em casa ele apronta igual um vira lata.

O Nadal veio pra casa há exatos um ano e meio. Era uma bolinha de pelo preto, mas já grandão com apenas três meses de vida. Umas patas que anunciavam o tamanho e a força que ele teria. Veio menino pra fazer companhia ao Pedro, e como faz... acertamos nessa decisão.

A Di falou, essa raça é muito inteligente, vcs vão ficar admirados. E ela tava muito certa. O Nadal, sério, só falta falar. Ele entende tudo, sabe tudo, percebe tudo. Abre portas, fecha, dá um nó na gente quando quer fazer alguma coisa que não deixamos. Ele recria formas, jeitos. Um sabido.

Também é um querido. Um cachorro meigo, amoroso e brincalhão, e apesar de toda sua inteligência, meio ingênuo, como todo ser do sexo masculino. Meio tontolhão - até que pisem no seu calo. Eu brinco que ele não tem noção do tamanho que ficou, ce acha um chiuaua naquele corpão com 38 Kgs de puro músculo que a veterinária se encanta.

Defende as crianças como um leão, são os amores da vida dele. Brinca com elas o dia todo, e briga também. Pega os brinquedos, roi, engole, ai é choradeira - e ele sabe porque abaixa o rabo, mas não se arrepende não. Disputa espaço com eles, no puff do quarto de assistir TV, no tapete, no nosso colo. Corre ao lado das bicicletas, dos patinetes, fazendo eles ficarem em fila, meio que num instinto da raça mesmo. De manhã, se a gente bobeia, sobe logo nos quartos e acorda um por um, pulando nas camas e lambendo a cara deles que logo ficam cobertas pelo edredon ou pelos gritos de, sai Nadal... manhêeee!!!!

Cachorro é bacana porque não tem mesmo amizade maior no mundo. É uma amizade que não espera nada em troca, que tá sempre lá, que não te trai. A gente pode dar bronca no Nadal, jogar latinha barulhenta pra ele aprender o que pode e o que não pode, dar umas revistadas na bunda dele, fazer o que for, daqui uma só olhadela, o rabo abana e a amizade sequer se abalou.

O carro chega e a gente escuta ele chorar. Pode ser cedo, tarde, madrugada. Ninguém de casa passa desapercebido por ele. A Neninha, toda segunda, sofre de tanto que ele pula pra dizer que bom que vc chegou, a Elisângela idem às sextas. o César é seu ídolo, ele passa o dia olhando pra cara do César e deitado nos pés dele, um grude.

Ele nos ama de todo o coração, fica escrito naqueles olhinhos arteiros que bastam uma troca com o nosso, pra ele sair correndo e pegar as pinhas, ou panos, ou osso de brinquedo e querer brincadeira. E a brincadeira é sempre de correr, correr, correr e correr livremente.

O Nadal gosta de terra, de chuva, de caçar os passarinhos que ficaram espertos quando ele chegou. Ele não tem frescura, dorme em qq canto, tem calor, late quando algo não tá certo e a-d-o-r-a comer, é fissurado em mastigar qq coisa, ah a ração dele preferida é de salmão - já viram cachorro gostar de peixe? pois é...

Quando a gente voltou a morar em casa, essa era uma das nossas decisões, dar um cachorro pras crianças. E mesmo com toda a trabalheira que ele dá, com um bom gasto por mês (banho a cada 15 dias, ração, vacinas, brinquedos, snacks, etc, etc) e com toda vez que a gente tem que viajar um dilema a se enfrentar lá em casa, nós estamos muito felizes de ter o Nadal.
Um quarto filho, um quarto irmão.

Um companheiro nas alegrias e nas tristezas (deitou a cabeça no meu colo e não me deixou um só segundo quando papai se foi) que nunca, nunca sai do nosso lado.

13/07/2010

dos mestres

Não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino.
(Paulo Leminski)

12/07/2010

não esqueça sua almofadinha

Tenho a sensação de que voltei de uma viagem longa, feita em cima de um pau de arara. Fiquei um tempão bem dolorida, incomodada, não sabendo porque a estrada tava cheia de tanto buraco. Durante esses longos dias, que arrastaram meu conforto, me confundi várias vezes perdida em mim mesma, achando que estava perdida no caminho. Queria chegar num lugar pensando que lá seria melhor, e ficava lamentando no meio daquele chacoalhar da vida. Hoje tenho certeza de que mesmo querendo culpar o caminho, o erro era meu e as decisões que vinha tomando. Os atalhos que fui procurando em outras estradas. Descobri também que fiquei por tempo demais ao lado de bobos e bobagens, de bestas e besteiras, de bananas e banalidades, e que a vida cobra o nosso despertar, diariamente ou de uma só vez, como no meu caso. Se aprendi tudo? Nem tenho essa pretensão, mas posso dizer que tô enxergando melhor, que depois desse balançar pra lá e pra cá , de me equilibrar no meio da poeira, tenho bem sabido filtrar o que verdadeiramente não me interessa, e ficado satisfeita com minhas escolhas, que agora estão bem mais simples, bem menores do que eu imaginava que elas deviam ser. Um alívio.
O que realmente interessa? O que realmente vale a pena? O que realmente é importante?

Esse é o único mapa que faz a viagem ganhar uma gostosa almofadinha.

08/07/2010

irmãos





Eu sempre quis ter família grande, mesa cheia, aquele bando de filhos, falação. Acompanhando esse desejo vinha também o de ter condições pra isso, babás, ajudantes, mordomo, cozinheira, passadeira, lavadeira e tudo o que é "eira", claro. Como tudo o que se deseja, de um jeito ou de outro se recebe, eu logo fiz três filhos de uma só vez e ganhei dois apenas com um sim. As "eiras" também vieram, não do jeito que eu bem queria, mas não posso reclamar. Só sei que lá em casa são 5 filhos. 3 atuantes e 2 positivos e operantes. O mais legal é que mesmo não sendo tudo da mesma mãe (eu no caso) são obviamente do mesmo pai, e portanto o convívio é regular mas não diário. A mais velha é casada, o mais velho mora em Londres, os pequenos agora é que começam a entender quem é quem no reino de Araquém. Sim, porque que eles tinham mais irmãos isso ninguém precisou nunca explicar, mas que esses irmãos não eram meus filhos, aí ficou mais difícil. E mais difícil ainda entenderem como eles podem ser filhos do pai deles então!!?? Mas tirando esse fato que a idade desvenda, a verdade é que eles se adoram. Os pequenos ficam atrás dos grandes e os grandes não sabem o que fazem pelos pequenos. Uma graça de ver. Quando tá todo mundo junto é bacana, é divertido, é mesa cheia e falação. Uma família de sete mais o cachorro. Família grande, sem solidão, com irmão de tudo que é jeito, preto, branco, loira, morena, altos, baixos, mas uma coisa totalmente em comum: Todos lindos! E não é corujice...

Lembranças na mala

Fazia muito tempo desde a última vez que tinham se visto, o que era um encontro de todo dia, obrigatório, interrompera-se por anos. Vinte e tantos... A sensação era a mesma de ter deixado de fazer um caminho que sempre se fazia, e depois passar pela frente da casa. Agora ali, com aquela esteira de malas entre eles, os olhares eram curiosos. Será? Mas o cara tá careca, e ele era um galã com um topete que dava inveja na turma da oitava série toda. E se essa é a minha impressão, qual seria a dele? Eu podia ver o pensamento voando até os meus ouvidos: nossa como envelheceu aquela menina baixinha de cabelos encaracolados. Ui!... Ah, mas até que eu to conservada. Juro que recebo elogios quando falo dos meus 41, pessoal gentil, viu? Bom é verdade, cairam algumas coisas aqui, outras ali, mas olho no espelho e ainda encontro muita graça. Analisando bem , ele também não tá mal não. Até que aquela careca deu um certo charme, um quê de maturidade e pelas malas que tá puxando, escolheu bem sua profissão. ...E depois de olhares curiosos, um sorriso e um pequeno aceno. As malas chegaram e a gente foi até a entrada da Alfândega. Vc é.... sim, sou eu. E assim ficamos pelo menos uns 20 minutos dando risada, lembrando algumas pessoas, apresentando nossas famílias. Rever amigos, lembrar histórias, admirar o tempo que passou e estar feliz com ele. Careca e com algumas caídas, não importa. Bom demais isso.
Deu verde. Passamos os dois.

07/07/2010

filhos meus






Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
(Vinícius de Moraes)

06/07/2010

mudando o rumo da prosa

Quero voltar lá atrás, mas não porque me arrependo, contrário. Somente porque acredito que esteja na hora de retomar. Devagar, sem pressa, sem cobrança, apenas chegar ali onde parei e larguei uma cesta cheia de expectativas. Todas ela voltadas a ensinar, a seguir com a carreira que escolhi, não a que me escolheu. Naquele canto, onde a cesta ficou, tinham muitas ideias. Tinha uma jovem cabeluda cheia de energia pra mudar o mundo. Tinha uma trilha que eu sabia correr nela. E eu gostava disso. Sei lá, voltar por ali me dá uma euforia que me lembra aquele tempo, parece que me enxergo e consigo estar de novo na mesma idade, do mesmo jeito. Apesar de eu ainda continuar cabeluda e cheia de expectativas que posso mudar o mundo...

05/07/2010

dos mestres

O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza....
(Guimarães Rosa)

da minha infância


Tudo colorido, uma bolinha do lado da outra. Quer coisa mais gostosa que um saquinho de Confete?
Alegria comestível.

01/07/2010

minhas férias


E as férias chegaram, e com ela os picutas me querem e me querem mais. Resolvem facilmente tudo, a gente tá de férias e por isso você também tá mamãe. Eu nessa hora, ainda mais agradeço a decisão de vir aqui por perto de casa com escritório e tudo. Fui muito sábia em fazer caber 110 m2 em 30. Um passo de casa e to eu com os meus amores, meus queridos. Programação eles tem de monte, com bola, com corrida, com filminho, com jogo da memória, mico, pipa (o César inventou de ensinar o Pedro a fazer pipa, e agora esse é o mais novo esporte lá em casa), mas também com o wii e playstation. Eu bem que quero ver se dá pra viajar um pouco em julho com eles, nós 5 e convidar os vovôs. Depois que o papai se foi, quero muito estreitar as gerações.
Bom, é diversão por um mês garantida. Sem precisar acordar cedo, sem se quer saber que dia é hoje.

passa anel



E eu continuo sendo a conexão das pessoas, a facilidade pra elas, um jeito de ajeitar o melhor de um com o que é bacana do outro. Continuo mostrando todo mundo pra todo mundo, e ficando feliz que tem dado certo, aqui quietinha no meu canto. Essa sou eu, talvez seja esse mesmo o meu talento.

banho bom

Lá pelas tantas, depois de tudo resolvido, crianças na cama, som de suspiro, o banho é uma benção. Mesmo no frio que tem feito, depois do relógio já marcar outro dia, mesmo assim. Eu sempre amei tomar banho. De pequenininha nunca teve discussão, a não ser pra sair da banheira. E hoje, ainda mais, é um ponto pra mim. A água vem que vem caindo quentinha e faz desenhos no piso e eu fico lá descobrindo o que é, como com as nuvens. Do outro lado da porta bem que eu sei que o marido espera que seja rápido, mas essa hora é relaxante, vale os pensamentos do dia, a certificação de que o horóscopo tava certo, ou não, as risadas dadas, outros ditos em tantas vozes. Um repasse. Então enquanto a água cai, eu faço minha maior terapia que custa sim, um desperdício talvez, que eu reponho em luzes apagadas e cuidados com reciclagem, juro.

guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.