10/10/2008

som dos tempos

Que barulheira! era uma bateção durante todo o dia. O povo que andava apressado nem percebia, mas ele que montara sua tenda ali ao lado, escutava todas as marteladas, e elas eram malvadas, não tinham dó não, estremeciam as linhas da caderneta que ele anotava quem ia pagar depois. Engraçado isso, tanta gente bonita, bem aprumada e sem dinheiro? Ele tava sempre com uns trocados. Sempre. Afinal de contas, era o trem, o suco de laranja e o livro coquetel, que era seu único vicio. Um dia até fez troco para o homem da lotérica, dá pra crer? Mas o barulhão começou a atormentar os fregueses porque ele andava se atormentando, e aí pimba. Se você tá atormentado atormenta os outros mesmo. E porque não mudava de lugar?... boa idéia, mas e o povo que sabia que dia sim outro também, era lá que ele tava? Ela tava antes dessa barulhada toda, ele tava lá faz tanto tempo... não! ele queria crescer, e queria que tudo crescesse também, mas desse jeito as coisas em volta estavem ficando maiores e ele começava a diminuir. Injusto. Mas??? o jeito é comprar um daqueles tampões de orelha. Ouvido ou orelha? ah sei lá... mas o amigo que vendia tinha ido ha um tempo já. Diminuiram ele bem antes, e talvez ele nem esteja dormindo mais com um barulho desses...

Um comentário:

Vanz disse...

teu som, minha leitura. coisa boa demais é você, cice.


guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.