28/10/2008

pelo eu absoluto (inspirado no sarau da van)

Demorei muito tempo pra perceber na minha pele qual era a sensação mais difícil de ser ultrapassada. É que eu nunca fui lá uma pessoa muito fácil. Alterava meu humor a cada menção de ameaça, vivia perseguida de risos ou lágrimas e sempre tensa. A balança da minha espécie ora ia ora vinha, e com ela os meus amores e as minhas dores. Fui sempre de chorar alto e dar gargalhadas de ecos. Expus às escondidas meus medos e meus algozes. Tive ódio, inveja, paixão derradeira, amor que dói o peito. Pude levitar, voar pelas imagens, alcançar a sublime sensação de felicidade. Lembro dela e sinto gosto de pera doce na boca. Fiz discurso, calei e saí sem explicar. Fiquei envergonhada, nua, drasticamente paralisada. Atacava mamona pra acertar a cara dos outros. Chutei pedra, bati porta, dei no peito de alguns. Forte de doer, mas dor mesmo foram ditas. Soltei amargas, duras, bravas. Palavras também livres, ternas, românticas e solidárias. Enfrentei mundos e fundos por aquilo que tinha no dia e virei as costas depois. Esqueci e Lembrei. Vivi.

Agora me resta a espera. O saldo. Perdões e Desculpas. Não tenho nenhum nem outro, mas temo os dois. Compaixão pra quem viveu e assim foi.

Um comentário:

Vanz disse...

Corajosa!
É difícil abrir-se ao pior e ao melhor simultâneo.
Você consegue tanto e tanto mais.
Orgulho meu.

beijos.
[sempre delicioso te encontrar]


guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.