Saia rodada, de baixo do joelho. A barra era bem feita, nada de pé de galinha ou pontinhos aparecendo. Ela fazia concentrada as cianinhas pela volta toda. Costurando deixava-se levar pelos pensamentos, igual pescar, que não adianta querer pensar em outra coisa. E lá no vai e vem da fininha agulha que resistia ao brim, ela passeava por jardins enormes, por castelos e por vilas. Gostava das coisas imensas, mas as vilas tinham charme então podiam entrar ali. Cada curva da cianinha verde era um lugar diferente, e ela andava de charrete, corria pelas praias, é tinham praias também. Faltava um grande amor, um homem com a beleza máscula que importa. O rosto? não vinha, não vinha de jeito nenhum. Então ela picava o dedo, que raiva que tinha. Tava tudo tranquilo com as paisagens até ele entrar, ou melhor, não entrar na história. Aí ela olhava a saia que começava a ficar torta. Puxava a linha e voltava um bom pedaço, se desconcentrava pra se concentrar de novo e nem conhecia Yoga. De novo a barra, de novos os lugares mágicos e quietinha ela torcia pra pensar no seu amor mais tarde, porque a encomenda tinha que ficar pronta até às seis horas, e sua reputação não podia ser riscada, já que era a costureira mais caprichosa dos sete quarteirões que conhecia.
Pronto, final de saia, final do carretel das cianinhas, nada do grande amor mas o começo de mais uma esperança, afinal haviam mais três encomendas.
Fruta como botão, pretinha, redonda. Alegria dos passarinhos da árvore da casa do Seu Lauro. Feito os olhos, os meus. Eu vejo conto e invento. Eu por aqui me apresento.
13/10/2008
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eu sou

- Cice Galoro
- Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.
Um comentário:
Ai, costurei eu mesma enquanto li.
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