06/08/2008

a casa que eu morei

Foi naquela casa que muita coisa aconteceu. Boas coisas. Ótimas coisas. Foi lá que brinquei durante toda minha infância. Brinquei feliz ao lado do meu irmão, depois da minha irmã, do nosso ingênuo vira-lata que viveu até 18 anos e morreu lá em frente. Dos nossos gatos que ficavam mais pelos telhados. É de lá as lembranças da boa vizinhança, mesmo que isso fosse um pouco de fofoquices, e daí? Foi naquela casa que viveram vovô e vovó, junto da gente. A casa que foi construída pelas mãos da nossa própria família, com erros de engenharia, e daí? A casa 8, com árvore no portão na rua entre duas pracinhas. A árvore que a gente plantou e viu crescer. A casa 8 lá no Tatuapé, e daí? Em frente à rua da igreja e de fundos com o Vasquinho. A casa que ouviu o piano da mamãe, o dedilhar do violão do papai e tantos ensaios e encontros, musicados ou não. É a minha casa de todo o tempo, onde eu vivi até formar um novo canto. O lugar bagunçado, descabelado, cheio de reformas pra acomodar nosso crescimento, marcado mês a mês à lápis sob a barra verde. Dos armários da cozinha feitos na parede. A cozinha dos bolos de coco, dos toddys com aveia, das gargalhadas, de tantos almoços. Os dois quartos com o corredor no meio, do alçapão e do porão, do terraço e dos caquinhos vermelhos. Do olho mágico tampado com moeda e que trazia o vento de fora, o vento bom.

Hoje, dia 06 de agosto de 2008 ela deixa de ser nossa, vai pra outras mãos que a querem, e a gente segue. Passando daqui pra diante só pela sua frente sem poder entrar ou correr pelo quintal, o quintal que teve o xadrez de portão, até ele virar de vidro. Que acomodou em sua garagem um monte de fuscas azuis. Que teve tanto de nós e de tudo.

Então vai minha casa de infância... passa pra novas mãos e faça seus novos donos felizes como nós fomos. Proteja-os como você nos protegeu, de qualquer infortúnio ou ameaça. Leve pra eles a nossa união que tanto você abrigou.

Serás eterna. Teremos a boa saudade.

guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.