22/10/2007

desterro

Intolerante o tempo perdeu a carne, ficaram apenas os verbos e as demais escritas. É lembrado o minuto, a aurora descendo para um longo e rigoroso inverno que ainda dura. Fora tão rápido. Em meio aquela multidão aflita pela água cristalina voaram as rimas. Ironia ou destino um lugar cercado de água sem tê-la para beber? Era preciso a corredeira pelas pontes porque abastecer a casa significava viver mais. Só que tudo valia uma troca, e água por um belo par de olhos claros valia a pena. Ela foi e ele nem soube. Ficaram pelo espaço vazio trocando selos, um pelo outro e outros por quem? não souberam mais e não sabiam de nada. Passaram-se anos, muitos invernos, fartura existiu, mas o que se perdeu, não voltou. Deixaram as memórias descobertas por novos, por quem jamais imaginou que um dia barganhou-se o óbvio, e ainda por quem nem sequer soube do lugar. Nunca ocuparam esses espaços, mas a descoberta deles fez com que tudo existisse até agora, que tivesse o motivo. Que valesse o tempo que não conhece as horas. Até hoje e até um dia.

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.