23/11/2020

Sobre amar infinito

Nunca foi fácil sair com o Nadal de carro, com a energia a mil por cento, para os latidos e pulos de um banco pra outro sem parar só com um bom fone de ouvido, uma coleira potente à prova de salto à distância e uma máscara inventada antes da pandemia, para sobreviver à chuva de pelos longos e macios voando pra lá e pra cá. A vontade de latir pra fora, pra rua, de mostrar toda a felicidade de viver, pra mosca que tava voando, pra moto passando, pro porteiro cumprimentando, pro ônibus parado, qq coisa que ele pudesse fazer para interagir e sentir o mundo tava valendo. Eu sempre soube disso, sempre senti a vontade dele, mas como abrir o vidro? Não dava! porque o tamanho dessa euforia sempre foi proporcional à pureza de achar que o mundo era bondade igual e que talvez correr pela Raposo Tavares, tudo bem ué.... Ah, lembrei, teve um dia que vendo que tava tudo dominado, ele bateu a pata no botão e o vidro de trás zummmm, começou a descer. E o desespero de segurar na coleira com o carro andando a alegria de quem finalmente ia colocar a cara pra fora!



Esses dias a janela de trás do carro começou a baixar, eu mesma que baixei. Cansado e doentinho, os latidos foram controlados e a vontade de colocar a cara pra fora venceu. Sem desespero, sem atropelo, sem afobação. Eu baixei ela todinha, vidro totalmente aberto e ele calmo e quieto como a juventude não sabe e o tempo ensina. Contemplando, feliz. 
Todos os passeios de carro agora estavam assim. Carão pra fora, ah que gostoso, o vento no rosto que tirou da gente risadas tão ternas mais um pouco ainda ao seu lado. Aquele pelo todo voando e o vento nele e ele na janela enfim, felizão, juro que sorrindo, com aquele olhar que nos conduziu aqui em casa, 12 lindos e maravilhosos anos, indescritíveis de um amor além de qq prova.
Hoje 5h20 da manhã, com o sol nascendo e o dia bonito alaranjando, nos despedimos com um monte de recados para o céu - incluindo um oi à São Francisco num até breve abraçado, doído da partida, do luto, mas tão cheio de agradecimento e paz, tanta ternura, a marca dele. O nosso amado, querido e idolatrado Nadal, o Dudu, o nosso livro de conduta e bondade, que não precisava de uma linha escrita sequer pra ensinar tudo, se despediu por sua própria vontade, assim tipo dormindo de lado, sabe? bem como ele gostava de ficar. Um guardião que nos amou com seu coração gigante. 
Eu também sempre gostei disso, quem não gosta de colocar o rosto pra fora e sentir o vento? Dudu, será sempre pensando em você que nós seis- incluindo a Mel que vai ter que perder o medo, faremos isso quando a gente estiver passeando pela vida. Te amamos sempre e muitoooooo, não esquece! 💙

(@eliane Gonçalves, Dico. Nunca vamos conseguir agradecer o maior presente que vc nos deu)

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.