09/01/2020

Que nem galinha

Debaixo das asas, papai e mamãe sempre assumiram que gostam mesmo é dos filhos debaixo de suas asas. Eu lembro da cara feia quando dizia vou dormir na casa de fulano, até na casa da madrinha eles gostavam médio, o papai beeem pior nisso. Mas esse jeito "vem todo mundo pra cá", nunca foi posse, foi cuidado e é tão bom saber disso. Fui criada solta, livre, na rua, incentivada a experimentar novidades, viajei, conheci muitos amigos, morei longe, mas sabendo que na minha casa sempre esteve todo o meu amor. Debaixo das asas. Hoje eu vejo que o que acontece é que mesmo diferente, a gente vai repetindo a vida, vai buscando na nossa história as referências, vai se segurando nelas, por isso é tão fundamental lembrar das noites simples, onde estavam todos dentro de casa e vinha primeiro a mamãe lá olhar na cara da gente na cama, como dizendo em silêncio - tudo meu aqui, que bom! E depois o papai indo ver se as janelas estavam fechadas e cobrir até o ombro meus irmãos e eu dizendo, apaga essa luz e dorme agora! lembranças tão boas, principalmente nestes tempos que a gente teima em se preocupar em ser recipientes de teorias. O que me ensinou o que sou, agora eu sei, foi o grude que a gente sempre foi, não o resto. Saber disso enche o meu coração. Que bom que é Natal para eu agradecer esse verdadeiro presente. Tá todo mundo aqui, debaixo das minhas asas, pai. A mamãe continua no meu pé. 😍
(De dezembro de 2018)

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.