03/03/2011

divã

Não que o desequilíbrio seja ruim de tudo, um certo grito engasgado, um porre algumas vezezinhas, um esquecimento que gera um trabalho doido depois, uma esnobada com o cabelo enfim, valem a pena também.

O problema hoje é que o desequilíbrio está muito equilibrado.

As pessoas estão loucas regularmente, todo dia, toda hora, a todo instante. E ainda, tranquilas nas suas loucuras. Equilibradíssimas com elas.

É mesmo certo que sempre existiu um sacristão ou outro, pinel, que matou o pai e a mãe, fez vítimas em série, bebeu ácido... sempre teve, mas atualmente ninguém liga muito pra isso, entende? virou outro caso, não o caso. As pessoas estão sórdidas, sendo ensinadas a gostarem de quem não tem caráter. Crianças são levadas nas escolas ou em casa, a pensarem que as suas mentiras são eternas, e por isso tornam-se verdades.

Há um desrespeito gigante pelas pequenas coisas. Pelo bom dia, pelo obrigada, pela resposta a uma pergunta, pelo adeus. Ninguém mais diz adeus, somem apenas.

E em torno disso tudo, pra piorar de vez, o equilíbrio do desequilíbrio faz com que tudo fique certinho pra isso, todo mundo conformado, amedrontado em seus empregos, em suas casas, em suas bonitas ou feias verdades.

A régua de hoje mede o mais difícil e destrói o fácil. Por medo de negar ao chefe eu minto sobre você, por alegria de estar no topo eu esqueço de quem tá no chão, por vaidade (que pode subir pra primeira linha) eu simplesmente crio novos padrões de educação.

Outro dia falei um pouco sobre isso com minha analista que cobra a consulta mais barata que eu conheço - um almoço divertido com mais leite que café, e a gente concluiu que a única saída é cada um cuidar de si, estabelecer os laços do que importa para que o todo, possa ser beneficiado. É, só assim mesmo. Só cada um buscando nos seus baús as peças boas, que foram usadas e fizeram sucesso lá atrás, e daí adaptá-las, costurá-las para serem usadas hoje. Mesmo que isso te custe muita grana no analista mesmo.

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.