24/03/2011

de olho no lance



Orai e Vigiai. Jesus mesmo já deu a letra. Não adianta só pedir, viver sendo bonzinho sem tirar a bunda da cadeira. É preciso ação em conjunto. A oração fortalece o espírito para que ele saiba e consiga fazer o corpo agir, é assim que, pra mim, significam as palavras do nosso amigão. Então, indo na dele, e em tudo que aprendi pelo exemplo dos meus pais e também do César, começo a exercitar com as crianças essa sabedoria.

Todas as noites e dias, eu peço a Na. Sa. proteção ao Pedro, Bia e Juju. Coloco eles no colo dela e deixo que sigam, porque apesar da minha cara lavada, no fundo eu tenho um monte de medos de que algo aconteça. Eu detesto excursões, não curto eles dormirem fora de casa, gosto que brinquem por perto dos meus olhos, em viagem prefiro todo mundo junto. Essas coisas de mesmo balaio, sabe? Mas apesar disso, eu deixo, e penso que sei gerenciar esses meus limites, e lá se vão eles para o mundo.

Agora com sete para oito anos que farão em setembro, na segunda série (antiga primeira) a escola começa a ter um papel bem diferente, onde se aprende a teoria e se ensina a prática, onde o convívio com a disciplina e o coletivo é prioridade. Onde se enxerga a olhos nus, as consequências de uma atitude boa, ou ruim. Onde é preciso se defender, se expor, se recolher, onde começa a ser exercitado o bom senso.

Eu tô de olho no bom senso dos meus filhos. Quero entender e contribuir pra que eles saibam bem seus lugares, o respeito, as regras, e que esses pontos sejam deles para os outros e muito bem também, vice-versa.

É bom senso identificar a hora certa de ser firme.

E o meu "to de olho" traz as palavras que começaram esse post. Eu oro, mas vigio. É o meu bom senso.

Hoje deixei eles no colégio, como todos os dias. Eles desceram as escadas, viraram, fizeram tchau, como todos os dias. Mas aí, ao invés de eu ir embora como todos os dias, esperei um pouco e desci atrás, escondida, na encosta, na miúda. Fui olhar o que rolava por ali, no páteo, na classe antes do sinal bater.

As minhas meninas, Bia e Julia, de rabo de cavalo alto (essa é a moda lá em casa) porque hoje é dia de Ed. Física, mostravam às amigas os desenhos do caderno, separadas, mas sempre por perto uma da outra. Depois correram com a corda para fora da sala, num desejo de aproveitar o tiquinho de tempo na brincadeira de pular rasteiro (uma segura e gira a corda no chão, e as outras pulam sem poder pisar quando ela passa).

O Pedro eu não achava. Procurei futebol, que certamente era onde ele estaria, mas a essa hora da manhã o Bedel disse que não tem. Então procurei qualquer bola, qualquer jogo, qualquer esporte, e aí vi no páteo do lado, a mesa de ping-pong, han, e claro lá estava ele, junto dos maiores, esperando sua vez, mas sem timidez. Percebi que meu moleque se vira bem. Fiquei de longe olhando, e na vez dele jogar, o bicho tirou o maior (pelo que entendi a regra é errou saiu, porque tem muita galera pra jogar de uma só vez). Juro, sem corujice materna, o Pedro mandou o da 4a série pra fila, e depois o outro e o outro e o outro até o sinal tocar. Ele tem mesmo a manha do esporte, qualquer um, aptdão que puxou do pai.

Depois do sinal, corri pra eles não me verem por ali espionando, mas não deu. Me pegaram com a boca na botija. Meio sem graça mas firme eu respondi a tripla pergunta sobre o que eu fazia ali.

Vim olhar o que vocês fazem por aqui.
Porque vc não falou que ia olhar?
Porque eu queria ver se vocês ficam bem, e se comportam.
E a gente fica?
Fica! e eu tô orgulhosa por agora.
Só por agora?
Ué, só... toda vez que eu ver vocês se comportando e sabendo mostrar que são bacanas para os outros, eu vou sempre ficar orgulhosa.
Ah, tá. Então vc tem que vir mais vezes ver a gente mã.
Eu sempre tô de olho, é que vocês não sabem. E vou sempre estar.
Até quando a gente crescer?
Até.
Até quando a gente casar?
Até.
Nooosssa....

E assim, me despedi com um beijo estalado e sai de lá rezando em agradecimento.

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guardadinho

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.