03/05/2013

descarrego

Me deixe aquele que sopra em meus ouvidos, que não me encara ou cala. Que ao menos finja um disfarce, emudeça, entrelace. Me deixe o covarde, o fujão, aquele com alma perdida, encostado nas esquinas do pensamento, vago, atolado em pranto enlamaçado. Me deixe o médio, o tédio, o morno, o rosto de olheiras fundas, a cara de bunda. Prefiro que não me prefira, que ignore minha existência, que corra em círculos e caia por aí e eu nem veja. Me deixe o que deseja o meu não rir. Prefiro o só do que viver na obrigação de um senão, com tudo, em vão. Prefiro assumir, resumir. Que se esvai assim, o pobre de mim.

Um comentário:

Gugu Keller disse...

Triste mas inegavelmente, a maioria dos que encontramos apenas nos enaltecem a solidão.
GK


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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.