12/10/2009

no ninho

Entre as telhas da varanda e a viga que sustenta a cobertura, dia-a-dia a dona passarinha ia lá, voando, galhinho por galhinho. A gente vê um dia e depois esquece, e quando nota de novo, toma um susto. O ninho, feitinho que só. Redondo, cheinho. As crianças foram vendo essa construção maravilhadas com a sabedoria da passarinha cinza e amarela. Tem terra, gravetos, folhas, tudo entrelaçado, e o esforço amarra aquilo de um jeito que nem chuva nem vento dão cabo não.
Aí, dias passam e ela sentadinha por lá. Mamãe tem ovinho ali. A gente não pode ver porque ela fica brava, voa baixo. O Nadal fica maluco com isso, mas a gente ta cuidando pra ela não achar que ele é malvado, é que ele gosta de correr atrás dos passarinhos de casa, todos eles. A gente já explicou. E os dias foram passando e de repente lá estavam eles, tres passariquinhos. Tres mamãe, acredita? Igual a gente! E comem bastante também. O dia todo a passarinha amarela e o papai cinzento que apareceu na hora de dar o que comer, passam pra lá e pra cá, trazendo minhoca, folhinha, bichinhos. E mastigam e mastigam e depois dão nos biquinhos esticados e abertos a comida pra ficarem fortes. A gente come assim né mamãe?
E lá em casa, que tem macaquinho, pato, tartaruga, pica pau, perereca quando chove, calango verde, agora tem os três bicudos, quase prontos pra sair voando sozinhos. Mais uns dias e nossos hóspedes vão ganhar o mundo. E três deles. Bonitos que só, presentes de Deus pros nossos filhos que estão crescendo perto disso tudo.
To aqui de olho pela janela enquanto escrevo. Estão lá encolhidinhos, parece até que sabem que falo deles. Os seis. Os meus, e os da dona passarinha amarela.

Nenhum comentário:


guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.