Sabe o batuque tímido das teclas? Aquele que a gente fica ouvindo o dia todo e aí num trisco, de vez em quando, pára e cruza olhares? Eu fico só de esguio por aqui e presto atenção porque não faço parte, tô só sem querer. Bateção sem fim de tanta coisa que nem precisava ser escrita. É porque dá mais coragem, prazer ou preguiça mesmo? Tic Tic Tic. De vez em quando outros barulhos incomodam esse, tipo cadeira que lembra a porta do castelo num nheque treque de doer, significa que o cara da contabilidade levantou. Vixe, se ele levantou é coisa, porque o nego fica só no tic tic o dia todo. Diz que sempre tem diferença naqueles números. Mas matemática não é exata? Bundão! a coitada da cadeira que o diga. De repente outro barulho intrometido, é parecido mas não é o mesmo, ah.. o toc toc do sapato da menina do almoxarifado. Muitas vezes já desejei que ela enfiasse as canetas azuis bem no centro, regulada duma figa, e vem com esse sapato chato que nem a cara que Deus lhe deu. Puta que pariu e eu aqui. Nossa, sempre tem isso, barulhão de matar, todo santo dia, nessa santa mesma hora, o santo cristo das procurações derruba o santo guarda lápis lotado de nada. Só tem lixo ali. Clipes enferrujados e abertos, lápis apontado dos dois lados que ficam sem ponta desde sempre, borracha que suja o papel, canetas, muitas, todas, sem uma puta duma tinta. Pra que guardar isso? e pra que deixar ali esse cão? bem perto do braço gordo que todo dia esbarra nos mesmos santos pontos. Mas eu tô quase indo já, é questão de dias, já falei isso antes, mas ainda tá na validade. Tic, Tic. Fico pensando que antes, com as máquinas pesadonas devia ser mais bacana isso tudo, o barulho era maior, mais animadão pá, pá, e muita coisa que eu enxergo talvez nem desse pra perceber. Porra devia ter tentado outro lugar. Tic, tic, toc toc, pá, pá, bando de barulho de merda, e eu aqui... ó lá, lá vem aquele papel que eu já conheço passando de mão em mão, quer ver? ele pára na última mesa, a do velhote de bigode fino, que tá assim porque ele não tira aquele dedão grosso de cima dele, pára ali e ali fica pra ajudar a acabar com o barulho que todo mundo gosta, porque o do bigode, é o chefe da gangue de xinfrins, fica num pega e solta, num amassa mas não lê, até a hora do relógio bater. E eu?
Eu aqui nessa fila do cacete, e ninguém pra vim me atender.
Fruta como botão, pretinha, redonda. Alegria dos passarinhos da árvore da casa do Seu Lauro. Feito os olhos, os meus. Eu vejo conto e invento. Eu por aqui me apresento.
03/03/2009
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eu sou

- Cice Galoro
- Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.
Um comentário:
FANTÁSTICO, CICE!
caralho, meu! Se não bastasse eu, Nelsão Rodrigues está vibrando de orgulho. Tenho certeza.
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