31/01/2011

um presente que ganhei

Bom abrir os laços vermelhos que abraçam a grande caixa do viver. Tirar a tampa e encontrar ali novas alegrias, trocas de impressões e sentimentos de gente do bem, de gente muito gente. De uns dias pra cá, a sorte me deu de presente uma amiga nova, de muitos anos, afirmando que o tempo decide-se por si só. Alguém que sempre me lembro de braços dados com sua mãe, caminhando simplesmente as duas, contemplativas da vida. Alguém que fechando os olhos posso ouvir aquela voz linda, leve, afinada pelos anjos, que muitas vezes me elevou o espírito em seu canto solo, meio solitário e meio do mundo, do qual tive o privilégio de conviver. Alguém que, com uma surpresa maior, talvez sem saber, tirou de dentro da caixa outro presente, tão oportuno, que compartilho agora recebendo no exato momento em que me procuro da forma como Rubem Alves divinamente soube registrar. Alguém que se chama Tereza. Alguém que se chama Maria. Alguém a quem agradeço por isso, e por todo seu carinho.

"O tempo e as jabuticabas

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.(...)

(...) Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão-somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena." (Rubem Alves)

2 comentários:

M.Tereza disse...

Cice querida:
Uma alma bonita e generosa como a sua vê, ouve e sente o mundo, a vida e as pessoas pela perspectiva da sua própria beleza e nobreza.
Também ganhei não um, mas vários presentes: valiosíssimos, cuidarei deles sempre e os guardarei no lugar mais fecundo e mais seguro que os pode abrigar – meu coração, que, neste momento, está nas pontas dos meus dedos.
Muito obrigada!
Um grande beijo!
Tereza

Ana Paula Marques disse...

Cice, somos mesmo frutos da mesma vibração.
Rubem Alves tem me sondado tem uns dias.
Hoje encontro ele aqui.
E você.
E suas descoberdas inquietantes e prazerosas.
: )


guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.