19/11/2010

Não há como esquecer


Poderia ser só o título mesmo porque ele já diz tudo, mas a vida também se encarrega de dar sua mãozinha, quase que num misto de prazer e pena. E assim a cada dia, ou tempos em horas, minutos, algo faz com que a gente se lembre. Nem sempre é triste, nem sempre é melancólico, mas no final fica sim aquela sensação de escuro, que pode se acender. Essa semana, ontem na verdade, eu com uma gripe do alibabá, que nem sabia ha quanto tempo eu não tinha (orgulho de dizer: Cice há uma pá de tempo sem gripe...), me sentia sonsa, saudosa. Puta da cara, achando que podia não estar daquele jeito, podia ser mais forte e não adoecer. Raiva de ficar espirrando, com dor no corpo, raiva.
Lá entre o durmo ou não durmo, peguei a revista que somos 4a capa com Bruce Willis pra ler, uma publicação da Itália agora no Brasil e abri de sopetão, na página 24. Bem ali, um texto de Milly Lacombe chamado VIVA A TRISTEZA, que começa assim: "Estávamos em frente ao aparelho de TV da sala, em uma época na qual as casas tinham, quando muito, apenas um aparelho de TV, e foi a primeira vez que vi meu pai chorar." Li comendo as letras e sem entristecer, meio que sabendo por que abri aquela revista ali, e deixado vir a tona a velha e boa saudade. O texto destaca outras duas maravilhas: "Quando atravessávamos a rua, meu pai me pegava pela nuca e dizia: gatinho a gente segura assim - e eu nem me dava o trabalho de ver se algum carro estava vindo. Se ele me conduzia, então era seguro". E ainda "aos 10 anos tinha apenas uma certeza: por pior que fosse a situação, meu pai nunca deixaria que nada de ruim me acontecesse". Depois da leitura, fechei a revista, virei de lado e dormi.
Acordei hoje boa da gripe e feliz. Valeu seu Pedro, via Milly Lacombe.

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.