07/10/2010

legado

Não se deixa nada morno pra ninguém. Nenhuma história sem dor ou quebras são interessantes. Também não sobrevivem os roteiros da vida que só se baseiam nas conquistas materiais, no tal saí do nada e cheguei aqui, hãn... e? Isso é filme Blockbuster dirigido por um inexperiente. A vida tem que ter rasgos, estragos, quedas, loucuras, gargalhadas. Um figurino bem desenhado, batom vermelho, chapéu de panamá, meia de seda e fumaça de cigarro. Há de se pular muros com vestidos longos no meio da madrugada, rastejar-se por baixo de portões trancados, parar aeroportos, seguranças, indústrias inteiras para que faça sentido. Não se trata de exageros, nem de insanidades baratas, trata-se de entrega. Da sensação plena de uma alegria que na verdade dura segundos eternos, e que consegue explicar que o tempo realmente pouco importa.
Eu sou uma apaixonada, amante da queda livre, uma aventureira de carteirinha modesta com a loucura. Deixo que ela vá primeiro, pra que eu avalie se devo acompanhá-la. Gosto das obras de arte que carregam sentimentos por séculos, por continentes, mas que são misteriosas, introvertidas e secretas. Gosto da leitura que faz suspirar, chorar, derreter. Gosto das amigas que sofrem pelos contos da vida real. Vivo da horta que plantei em casa, do cárcere e das dúvidas por opção, e vivo do amor. Meu legado é a consciência, que deixo passear e achar seu lugar em meio a todo esse transe.

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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.