28/10/2010

É duca - ção

Ando agoniada. Tenho medo de não saber educar meus filhos. É, porque educação significa tão mais do que escolher a escola, e gostar ou não dela. Educar tá cravado nos exemplos. Na chegada em casa, em cada horário. Nas justificativas muito dadas e pouco interessantes. Educar tá no jeito da gente andar, de agradecer o cara do posto, da padaria. Tá no telefone que vc atende e é o telemarketing do banco. Na atenção que vc tem com a rotina. Tá onde não se vê, ou se pensa que não se vê. Educar para o bem, hoje em dia, é quase dizer pro teu filho morra pobre, esmagado entre os que estão nem aí, exceto com uma puta sorte... mas é literalmente a única forma deles morrerem ricos de alma. O correto. Não tem outra porta. No meu caso, me agonio porque mãe pensa demais, e eu sou intuitiva nas reações. Será que passo minha intuição pra frente? Será que deixo maus exemplos quando grito, quando sou impaciente? Quando e que hora que eles são eles, e não são eu. E o contrário? Venho pensando nisso desde que ganhei minha trilogia, mas muito mais agora que eles estão com 7. O número diz muito. 7 anos formam um ciclo, entram novas considerações, respostas, dúvidas e certezas. Hoje a gente educa dentro de um aquário de deseducação. Entre superfícies. A gente nada em palavras e pessoas rasas e que se acham profundas, o que é pior do que antigamente que também existiam superficialidades, mas menos poder pra elas. Hoje não existe mais sinônimos rebuscados, as palavras perderam a força para os jargões. A informação, tão útil, lotou-se de pequenos trechos que você conclui ao bel prazer, porque é demasiada. Eu não quero retroceder, isso não, mas quero manter a educação solidária em casa, aquela que não é assistencialismo barato, que a gente faz porque quer e tem tempo, porque respeita as diferenças, porque é gentil. Porque se dirige a alguém mais velho como senhor, que espera a vez, que não fura a fila, que empresta o livro acreditando que o terá de volta. Quero ensinar que não se põe palavras na boca de ninguém, não se mente, não se vira às costas pra quem precisa, não se maltrata a natureza, não se aproveita de situações. Que o oportunismo é feio, mas a espera é virtuosa e que há recompensa pra quem prioriza o próximo, e o ajuda. Quero educar preservando o jeito, a personalidade, as críticas, questionamentos, curiosidades. Sabendo ler os olhos dos meus filhos, pra sempre me manter atenta a isso, que simplesmente dizem tudo. Mas pra isso tenho que continuar aprendendo. Que Deus me ajude nessa selva.

Um comentário:

por Tati Abreu disse...

Que Deus nos ajude Cice!
Amém.


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Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.