29/02/2012

tempo, tempo, tempo, tempo.

-Mas isso não é coisa de gente ruim, perguntei.
-Isso é coisa de gente, respondeu a loira.
E essa conversa ficou na minha cabeça, pra lá e pra cá me fazendo lembrar dum tanto que já escutei sem dar ouvidos. Da confusão que muito me atormentou entre preferir um tom mais forte de voz, do que o silêncio de um cumprimento não correspondido. De ter mágoa por me sentir abandonada no meio do mar bravo com uma bóia de braço. Do sentimento dolorido de injustiça que o mundo dos soberanos de aparências escolhem como certo e vivem procurando adesões, e acham.
Pensando, pensando... Parece até aqui que deve ser por aí mesmo. As escolhas fazem, geralmente, brotar uma covardia voraz, hipocrisia que permite aos umbigos falarem e desfalarem o que quiserem para surdos e cegos concordarem. Então, lá pelas tantas da madrugada num silêncio de lembranças, decidi entender o caminho. O tempo é implacável, soberano. A beleza murcha, as posses não importam se não há pra quem, de seu, deixá-las e nem porquê. Tudo volta pro mesmo lugar de onde partiu, no final.
Dormi em paz.

28/02/2012

olha que luxo!


... "O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as costas femininas como o novo foco de atenção. Alguns pesquisadores acreditam que foi a evolução dos trajes de banho a grande inspiração para tais roupas decotadas.

Modelos de Chantal publicados na "Folha da Manhã", em 7 de maio de 1933 A moda dos anos 30 descobriu o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados procuravam lugares à beira-mar para passar períodos de férias. Seguindo as exigências das atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes chegaram até a cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite.

A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza da atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres.

Aliás, o cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood, através de suas estrelas, como Katharine Hepburn e Marlene Dietrich, e de estilistas, como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas.

Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes, como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta. Os estilistas também criaram pareôs estampados, maiôs e suéteres. Um acessório que se tornou moda nos anos 30 foram os óculos escuros. Eles eram muito usados pelos astros do cinema e da música.
Modelos publicados na "Folha da Noite", em 15 de janeiro de 1936Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore Ferragamo, lançou sua marca, que viria se transformar em um dos impérios do luxo italiano. Com a crise na Europa, Ferragamo começou a usar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi a palmilha compensada.
Gabrielle Chanel continuava sendo sucesso, assim como Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin. A surpreendente italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma série de ousadias em suas criações, inspiradas no surrealismo. Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. Seus modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de Vionnet.

Assim como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. As formas eram marcadas, porém naturais.
Seguindo a linha clássica, tudo o que era simples e harmonioso passou a ser valorizado, sempre de forma natural. Os móveis de Jean-Michel Frank e André Arbus traduziam esse neoclassicismo, o auge do gosto pela vida e sua arte. Além disso, o estilo art-déco e a aerodinâmica norte-americana dominaram a década de 30.
Modelos publicados na "Folha da Noite", em 11 de janeiro de 1936O surgimento de novos materiais, como a baquelita, uma espécie de plástico maleável, aliada ao novo conceito de modernidade, relacionada à aerodinâmica, fez surgir um novo design, aplicado a vários objetos e eletrodomésticos. A baquelita também foi amplamente utilizada para a fabricação de jóias leves, inspiradas em temas do momento.
Raymond Loewy foi um dos designers mais bem-sucedidos dos Estados Unidos. Ele foi responsável pela remodelagem de diversos produtos, como a embalagem dos cigarros Lucky Strike e o logotipo da Shell.

Alvar Aalto e Marcel Breuer foram outros importantes nomes do design da década de 30. Eles fizeram experiências com novas formas de madeira processada industrialmente, como a compensada.

Nessa época, o termo prêt-à-porter ainda não era usado, mas os passos para o seu surgimento eram dados pela butique, palavra então muito utilizada que significava "já pronto". Nas butiques surgiram os primeiros produtos em série assinados pelas grandes maisons".



(fonte:Anos 30 - por Claudia Garcia. Especial Moda / Folha On line)

23/02/2012

verbo escrever - imperfeito do indicativo

Escrever é tão nobre. Nobreza que esforço-me a ter e carrego como um hábito triste, às vezes, por não ter troca. A vida agora é feita de clicks, pequenas expressões para grandes públicos, imagens (como se elas não fizessem parte dos textos desde sempre). Eu gosto desse lado atual, participo e também deixo meu ego solto entre fotos e mensagens, mas receio um sumiço de intimidade, de segredos e mais ainda, de profundidade. Dia e outro corro ao email, as cartas nobres da atualidade, para encontrar alguém, um afago, um tom, mas não encontro. Por instantes umas ofertas, uns convites, umas correntes, febres de contato em dias tão amedrontados. Mas mantenho a leitura dos escritos de antes, busco nos filmes o bom do passado e atualizo o melhor do presente. O futuro? nem sei onde está nessa altura do campeonato e também não me preocupo mais com ele. Até lá...
Tenho escrito muito sem páginas, com a mente, nos momentos livres de descanso do corpo. Passo tempo escrevendo cartas imensas ao papai, à vida, à sorte. Textos tão lindos, intensos, que depois somem com a água no ralo ou com o sol que se põe. Vão. Resgato partes de vez em quando, mas deixo que eles desapareçam. Sem apego.
Fiquei feliz antes de anteontem, quando o colégio das crianças mandou na tarefa o significado de carta -   que não começa com "Era uma vez", nem termina com "E foram felizes para sempre". Lembrei das cartas do vovô para o Ben, seu primo de Ibitinga, aquelas que ele passava horas preparando, discutindo com a vovó o que contar, o que não, porquês, e aí buscava a caneta de ponteira verde escura, sentava-se na cabeceira da mesa e iniciava a viagem em papéis de seda - São Paulo, 22 de fevereiro de 1974. Prezados primos, Benedito e Tereza. Espero que essa ao chegar em vossas mãos encontre todos gozando da mais perfeita saúde e prosperidade...". Lindo, simples e lindo. O desejo de partilhar as notícias, os sabores, as dores. Hoje é tudo tão rápido, vamos direto ao assunto, sem rodeios, sem caneta, com palavras curtas, fortes, boas. A nova geração descobriu muito, tanto, facilita tudo. Precisa apenas saber o que vai deixar escrito para quem virá. Só isso. É fácil. Mesmo que seja por linhas tortas. Que Deus, então, ajude-nos a escrever. Mais.

08/02/2012

Escolhas

Não te enxergo fazendo parte daquela engrenagem. Aquele monte de roldanas velhas habituadas aos seus barulhos chatos, sem óleo. De peças acomodadas em seus pobres cantos. Te encontrei mais solto, peça avulsa, com toques de um composto de ferro, mas que desde sempre estava disposto a ser polido, tornar-se nobre, usando das origens apenas a força lá de trás, que hoje se foi.
Que boa notícia reconhecer que as decisões de escapar da prisão desse ferro-velho te fez parte ágil e conhecedora de tantas outras possibilidades. Rogo aos deuses que cada velharia hoje mantenha-se naquela toada batida, sem graça e rangedora. Lá, onde nem quero saber.

guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.