27/02/2008

dra. lu


Se tem algo que me orgulha é falar da minha irmã. A Lu é como um talismã, dá sorte ficar do lado dela.

Lembro da gorda (é assim que a gente se chama) em frames, cada detalhe... Dentro da manta rosa, já a cara do papai e ainda tão pequenininha, no berço no quarto da mamãe, brigando com o Nick, sentada no capô da variant azul quando era gorda mesmo, lavando paninhos no tanque em cima da cadeira verde de madeira, chorando porque ouvira um não, gravando sua voz pra documentar os dias, indo pra escola, caprichando nos cadernos, nas apostilas, nos livros, na vida.

Lembro de quando entrou na faculdade, de quando saiu.. uma das maiores emoções da minha vida, certamente a segunda, seguida do nascimento dos meus filhos. E por falar neles, a Lu acompanhou cada respiração minha nessa fase, rezou, controlou, sofreu o que nem eu saberia sofrer, por mim, calada e devota por conta do risco de uma gravidez trigemelar. E estava lá, lá mesmo, dentro da sala de parto, do meu lado, do lado do César e também do lado dos picutas, querendo ver a cara dos bebês e se certificar que tudo estava bem. Sorte a nossa.

Vejo a Lu indo pra Santos durante 6 anos, a cada final de semana, de carona, imitando o bedel da FCMS, cuidadosa com sua escolha, responsável em todos os minutos. Fazendo careta, graça que fazem os sobrinhos perderem o fôlego de tanto rir. Vejo a Lu com seu vestido lindo branco com as costas cruzadas em fitas... corrigidas por tramas, tramas e não fitas, e ela caindo na risada.

Simples.

A Lu não ostenta, não se impressiona com nada material, apesar de gostar de ter. Pra Lu o ser é tão claro, tão tangível, que se ela tem ou não tem alguma coisa, é o de menos, mesmo. É difícil explicar, mas ela é feliz com o que conquista e não precisa de nada que não seja da sua conta, ou mais do que o necessário.

Domingo a gente tava na mamãe almoçando, ela toda feliz me contou que vai trocar o carro no mês que vem - Gorda, vixe, no mês que vem vou pegar um Idea, vc gosta? Eu.. Pô Lu que bacana.. gosto, claro, mas porque vc não pega um idea adventure?
Porque é dez mangos mais caro...
Lu, pelo amor, agora vc tem grana.. e olha o adventure tem mais coisa, é esportivo, mais bonito, chama mais a atenção, tem as barras laterais, o pneu lá atrás... e ela me olhando?!
mas eu só quero um carro pra andar e ter conforto, por dentro eles são iguais..cê acha que eu preciso de um pneu lá atrás? Nem sou eu que troco o bicho se furar,é a seguradora...

A Lu sabe o que quer, é segura, consistente e leve por conta disso. Se é sim é sim e se é não é não.

Com a sua profissão ela só faz a gente a admirar mais. Uma excelente médica geriatra. Disputada a tapa na equipe por todos os mega médicos com os quais já trabalhou. Ela conta dos seus pacientes com um carinho disciplinador. Com eles, ela prova que o amor também diz não, e tem que dar espaço pra novas etapas. Que trabalho é disciplina e limites, senão vira confusão e ineficiência. Mesmo assim, ela se diverte com eles, chora por eles, luta com eles, briga com eles, com famílias e também com outros médicos se preciso for. Ela sabe.
Seus diagnósticos são precisos e sua responsabilidade um exemplo. Um dia dedico um post aos casos que ela conta do hospital, aliás um único post vai ser impossível.

É da Lu a frase: "Esse homem tem um rosto sem sorriso", quando tinha 5 anos, referindo-se a um vendedor lá perto de casa que era simpático mas ninguém definia porque ele não agradava as pessoas apesar de seu esforço. É dela também o maior zelo e dedicação já vistos nesta Terra, quando se trata dos meus pais. São dela ainda, as decisões assertivas, sóbrias e únicas. Sinto que ela enxerga com a alma. E por isso, é dela também todo o meu encanto e admiração.

Agora, casada com o Matheus há três anos, construindo a vida a dois, eles seguem. Estão lá longe, firmando suas carreiras e seus futuros, apoiando um ao outro, mas a gente foi junto pelo coração. Esse ano fala-se de crescimento na família... Eu torço. Que venha um espírito iLUminado como o que há 29 anos Nossa Senhora mandou lá pra casa. Que venham novos seres, novas Lus, pra dar à vida continuidade do bem, e a verdadeira razão de se viver nesta e em outras dimensões.

Gorda, quero todos os teus autógrafos.

26/02/2008

quando tudo ainda é nada

E depois de tanto tempo os laços afrouxaram, deixando espaço para passar por ali certas veias, que de tão saltadas, nem acreditava-se que um dia pudesse jorrar delas sangue puro de novo. De porquê tinha tudo e também nada, mas agora é hora dessa dúvida?.. nas noites mal dormidas de um lado e de outro, isso é certo, só restaria o espaço da espera. Longa, pois nessa hora o que menos interessa é o tempo. Que fique o que é certo ficar e que transborde o que é necessário deixar.
Firme-se apenas a resignação e o próximo minuto. Pra ambos.

22/02/2008

assoviar e chupar cana

Tem algo melhor do que filhos andando pela casa? tem! filhos andando pela casa assoviando e estalando os dedos.
Os pequenos picutas aprenderam a assoviar ou assobiar, sei lá... e também a estalar os dedos. Aliás, eles aprenderam as duas coisas juntas e isso os deixaram mais maduros do que nunca... assoviar e estalar os dedos... é o máximo. Eles passam o dia inteiro fazendo uma coisa ou outra e mostrando pra gente a cada 5 minutos. Vem um, mamãe olha só que alto agora que eu vou assoviar... e faz-se um bico enorme que solta um ventinho e logo vem o som, e aí os olhos também assoviam nessa hora.
Chega outro, vê mamaãe se vc consegue... e os dedos estalam tic, tic, e junto deles a gargalhada estala junto. Por fim outro tentando fazer as duas coisas juntas, que resulta num jogar de corpo no sofá de tanto rir de si mesmo.

Esses barulhinhos tão simples, tão ingênuos enchem nossa alma. Fazem a gente lembrar do que é preciso para se diviertir a valer. Fazem a gente agradecer e confirmar que o mundo é bão mesmo, como diz meu querido e musical Nando Reis pro seu Sebastião.

18/02/2008

tri-frases

Mamãe a Lolô tá segurando a Manu no colo?
Tá!
Quando a gente nasceu quem segurava quem no colo?
Não, vocês nasceram no mesmo dia então não dava pra ninguém segurar ninguém.
Então tem que nascer em dias diferentes pra poder segurar no colo?
É, mais ou menos isso.
Então vai lá segurar o papai e traz aqui pra gente tirar uma foto. (Pedro Galloro)


Mamãe, você tá triste porque não acha escola pra gente?
É, mais ou menos isso.
Não precisa chorar mã. Escola é tudo igual, viu? Todas ensinam a gente a ler e a escrever, e todas tem amiguinhos legais. Não chora mais, tá? (Julia Galloro)


Então filhotes eu tenho uma notícia: A gente não vai mais mudar de casa e nem de escola, vocês vão poder continuar no Discere com os amiguinhos que vocês gostam muito e a gente vai continuar aqui na nossa casinha, não é legal?
SILÊNCIO
Então quer dizer que o quarto do Tom e Jerry do Pedro, o das Princesas meu e da Ju e toda aquela história que mudar é legal, não é mais?
É mais ou menos isso.
Unf! Tá bom vai mamãe, dessa vez a gente te perdoa. (Bia Galloro)

morte e vida, severina

O bicho Ana, no seu blog essa semana, escreveu sobre vida e morte. Um lindo texto entitulado Início e fim. Uma certa polêmica pode ser gerada quando você confirma que a morte leva os seres queridos, a vitalidade, o que você demorou tanto para ter e viver. Mas também deixa claro que essa expectativa é mais difícil do que o próprio momento, tanto para quem vai como para quem fica.
E eu confio nesse modelo.

Já pensou se a gente não morresse?
Que monótona nossa história, ou melhor que história haveria se você estivesse pra sempre presente e não deixasse nada pra ninguém?

Morrer não é lá um assunto gostoso, mas é preciso. Será que o texto da Nica seria tão bonito se a passagem do tio Jango ou das amigas da Dona Laila, ou ainda a dança dos 50 anos de casados não fosse impregnados de saudade? Eu penso que não.
Há três semanas convivi com a morte. Uma morte prevista,o que é mais simples eu imagino do que as mortes prematuras, mas que nos marcam e nos deixam da mesma maneira. Vi e vivi duas mortes na minha frente, praticamente nas minhas mãos, em duas semanas seguidas. A de vovó e a de tio Oscar, tio do César lá em Araçatuba em plena festa de carnaval, porque isso é outra coisa, não se marca hora pra morrer, nem dia.

Por isso inclusive, meu desejo a todos é de viver bem o agora. Que deixemos um legado de coisas úteis, que saibamos conviver com os outros, que a gente não se permita viver os dias morrendo de tudo, de medo, de agonia, de ansiedade, de falta de grana, de ódio, de melancolia, e nem também de amor desmedido, o que não é bom igualmente. Que a gente passe por tudo de forma normal e não se deixe impregnar... porque viver não é morrer aos poucos como se diz por aí. Não pra mim, pelo menos.

Viver é viver e Morrer é morrer.
Apesar do tempo nos preparar para a morte, amigo Rodrigo, nisso eu acredito. Ainda bem.

13/02/2008

volta às aulas

Recomendo: Se alguém precisar de consulta escolar, entender se a escola é boa, adequada para sua maneira de viver em casa, perto das coisas importantes, preocupada com o futuro, e todas as coisas que a gente quer saber quando escolhe uma escola pros filhos... Liga pra mim!

Tô fresquinha com isso tudo, fiz uma pesquisa completa e in loco de muitas escolas e metodologias, de Waldorf, passando pelo método construtivista, humanista, materialista, chouvinista, chegando inclusive no bilíngue e até trilíngue é mole?. Aprendi muito com isso, e hoje tiro minhas conclusões com segurança.

Pra quem não sabe, por conta do destino ficarei onde estava ainda esse ano, no mesmo apto, no mesmo bairro, e por isso os picutas ficarão também na mesma escola, que é um mix de construtivista na metodologia com uma secretaria administrativa bem materialista. Mas nessa corrida de encaixe, descobri que esse é um item comum a absolutamente todas.

Há de se ter muito dinheiro pra conseguir ter um filho que não pense apenas nisso.

Mas nessa incoerência o mais importante é que se passe aprendizado, que se tenha conteúdo, que se permita abrir os olhos para a socialização, as matérias, as discussões sobre a teoria, as críticas inclusive. E esse é o papel da escola.

Eu como pedagoga e educadora, sou fã das instituições escolares, seja elas como forem. Passar a culpa de acertos e erros de seus filhos à escola é um grande equívoco, no mínimo ou você não sabe o que quer, ou não sabe discutir sobre o que quer.

E vamos novamente esse ano de Discere Laboratum. A escola que acolheu meus filhos ha dois anos.

Os amigunhos do maternal II e jardim I agradecem.

12/02/2008

caracol

Quando eu era pequena, lá no páteo do colégio Espírito Santo, tinha um caracol desenhado no chão. Colorido. Um tipo de jogo da felicidade, porque pra ganhar você tinha que pular os números em círculo até chegar no sorriso do caracol. Eu lembro daquele sorriso.

Depois desses dois meses, pra ser otimista, indo e vindo atrás de um monte de querer, ontem descobri que jogava no caracol da minha vida. Um jogo sem a consciência da criança, que é mais sábia e já enxerga logo o sorriso, mas precisei pular números coloridos que às vezes até pensei que fossem preto e branco, em círculos, pra entender que é necessário soltar e deixar-se guiar pelas regras da vida, pintadas aflitas no páteo da sua teimosia.

Só sei que em círculos, cheguei no sorriso do caracol e tive a sensação de ganhar o jogo. Mas só hoje. E aí lembrei do desenho do páteo, grande, alegre. E de mim pequena, solta e soltando a pedrinha da minha mão pra pular o próximo número.

Agora fico onde estou, na certeza que andei léguas de aprendizado.

Obrigada anjo caracol. Tô contigo!

10/02/2008

relógio da alma

Ter tempo é algo sublime. Tempo de se ter na verdade, porque tempo é uma questão de entender o dia que passa. Se estiver sem tempo refaça suas contas internas. Provavelmente você não está querendo se encontrar tão cedo.

guardadinho

eu sou

Minha foto
Gosto de boniteza, de arrumação, da moda dos anos 30. De margaridas e pérolas verdadeiras. Gosto da noite, de gente dando risada, do colorido de um prato de feijoada. Gosto de sair e de mudar, gosto de família, de amigos e com eles estar. Gosto de dança e de criança, e gosto muito, muito do mar.